Prescrição de anabolizantes para fins estéticos é proibida pelo CFM

Medida vale tanto para atletas profissionais quanto aos amadores

Está proibido receitar terapias hormonais com anabolizantes e esteroides androgênicos com intenções estéticas, para ganho de massa muscular ou até mesmo melhorar o desempenho esportivo. A determinação, do CFM (Conselho Federal de Medicina), foi publicada no DOU (Diário Oficial da União) na última terça-feira (10). A entidade justifica que a decisão baseia-se em razão da falta de comprovação científica suficiente para sustentar a segurança e também benefícios ao paciente.

O CFM destaca na medida, que vale tanto para atletas profissionais quanto amadores, que não há estudos clínicos de qualidade metodológica comprovada que assegure a grandeza dos riscos relacionados a esse tipo de terapia, a hormonal andrógena, em níveis acima dos fisiológicos, tanto aos homens quanto às mulheres. Também cita a falta de pesquisas que comprovem cientificamente a condição clínico-patológica no sexo feminino que seja consequência de baixos níveis de testosterona ou androgênios.

O conselho ainda alerta para os riscos potenciasi na utilização de doses inadequadas de hormônios e a “possibilidade de efeitos colaterais danosos ainda que com o uso de doses terapêuticas, especialmente em casos de deficiência hormonal não diagnosticada apropriadamente, seguindo diretrizes e recomendações em vigor”.

Entre os possíveis efeitos danosos, segue a nota no DOU, estão os “cardiovasculares, incluindo hipertrofia cardíaca, hipertensão arterial sistêmica e infarto agudo do miocárdio, aterosclerose, estado de hipercoagulabilidade, aumento da trombogênese e vasoespasmo, doenças hepáticas como hepatite medicamentosa, insuficiência hepática aguda e carcinoma hepatocelular, transtornos mentais e de comportamento, incluindo depressão e dependência, além de distúrbios endócrinos como infertilidade, disfunção erétil e diminuição de libido”.

QUANDO PODE

Para que haja a prescrição médica, o conselho explica que é necessário que essas terapias hormonais estejam indicadas para casos comprovados de deficiência específica, segundo “a existência de nexo causal entre a deficiência e o quadro clínico, cuja reposição hormonal proporcione benefícios cientificamente comprovados, sendo vedada ao médico a prescrição de medicamentos com indicação ainda não aceita pela comunidade científica”.  

Ainda de acordo com o que prevê o CFM, é permitida a prescrição de esteroides androgênicos e anabolizantes “como justificada para o tratamento de doenças como hipogonadismo, puberdade tardia, micropênis neonatal e caquexia, podendo ainda ser indicada na terapia hormonal cruzada em transgêneros e, a curto prazo, em mulheres com diagnóstico de desejo sexual hipoativo”. 

PROCURA AUMENTOU

A nota do CFM publicada no DOU explica que o número de usuários desse tipo de medicação de maneira ilícita é crescente. Também, o aumento de forma abusiva da administração de hormônio do crescimento, tanto entre amadores quanto profissionais.   

A determinação mantém proibido ao médico adotar experimentalmente “qualquer tipo de terapêutica não liberada para uso no Brasil sem a devida autorização dos órgãos competentes e sem o consentimento do paciente ou de seu responsável legal, que devem estar devidamente esclarecidos”.

Cursos, eventos e publicidade dessa natureza que estimulem uso ou façam apologia a possíveis benefícios de terapias androgênicas com finalidades estéticas, de ganho de massa muscular ou de melhora na performance esportiva também estão restritos.   

Legenda da foto: Número de pessoas que usam esse tipo de medicação de maneira ilícita é crescente

Crédito da foto: Pixabay